Em 2016, nascia o perfil Adorável Rotina. Um nome simples, mas cheio de intenção: tornar rotina aquilo que é afeto, beleza e presença. Era o começo de um caminho que, mesmo sem saber, já buscava conexão e sentido. Um espaço para registrar as descobertas de uma mulher que ousava, aos poucos, ouvir sua própria voz.
Em 2019, o movimento interno se transformou em ação: surgiu o Laboratório Criativo, um projeto voluntário que levava às crianças experiências com manualidades, rodas de conversa e escuta afetuosa. Mais do que ensinar crochê, era um reencontro com o mundo analógico — aquele que a nossa geração, a geração X, ainda viveu.

Somos a última geração híbrida — vivemos o tempo sem internet e aprendemos a habitar o tempo conectado. Talvez por isso, tenhamos uma saudade insistente de profundidade.
Depois de nós, ninguém mais terá vivido esse tempo. Somos a última geração hibrida – pontes vivas entre o que ERA e o que SERÁ. Nossa memória é um gesto de cura para o futuro.
O Laboratório seguiu até a pandemia, quando o mundo parou. Mas dentro de mim, muita coisa começou. Mergulhei na Comunicação Não Violenta, na filosofia, nos porquês da alma. Entendi que muitas vezes a dor vem de não nos reconhecermos mais no espelho da rotina, de vivermos uma vida estreita demais para o tamanho da nossa alma.

Foi nesse mergulho que encontrei as terapias integrativas, que me ofereceram novas formas de cura e pertencimento. Descobri que curar também é lembrar: de quem eu fui, de quem sou e de quem ainda posso ser.
E aprendi que autocuidado não é luxo — é um pacto com as próximas gerações.
“Seu filho não vai se tratar como você tratou ele. Ele vai se tratar como você se trata.“
Essa frase me atravessou. Me fez refletir sobre minha ancestralidade, minha formação emocional e as marcas de uma geração que foi ensinada a aguentar. A não incomodar. A ser boa para os outros, mesmo que isso nos afastasse de nós mesmas.
Em 2024, aceitei o convite para atuar em uma Instituição. Acreditei que ali poderia unir todas as experiências vividas e construir algo coletivo e transformador. E tudo estava fluindo… até que veio o corte abrupto. Fui desligada de forma injusta — mas não frágil. Porque naquele momento, algo dentro de mim já tinha se reconfigurado.
Um convite para por uma melancia na cabeça…
Esse episódio rompeu um ciclo antigo: aquele em que eu não conseguia impor limites, em que ainda duvidava da minha potência. Crenças moldadas por olhares alheios e palavras duras ditas por quem pouco sabia da minha história ou sabia, mas desperezava.
Hoje, me reconheço com uma trajetória sólida, ética, marcada por empatia, escuta e ação.
Escrevo este post como um convite. Para inspirar as mulheres que, como eu, ousam ser quem são.
E para aquelas que sentem o chamado — mas ainda vivem paralisadas pelo medo.

Coragem. Determinação. Força.
Vontade de levantar do sofá e escrever a própria história.
Sem permitir que a narrativa alheia dite meus diálogos.
Criei um símbolo para esse novo tempo:
um chapéu de crochê com padrão de melancia.
Sim, melancia.
Na infância, ouvíamos:
“Quer se aparecer? Bota uma melancia na cabeça.”
Hoje eu respondo com leveza e provocação:
“Cadê a melancia?”
Quero levar esse chapéu para as rodas de conversa como um símbolo de liberdade e expressão.
E te lanço um desafio: que tal fazer o seu também?
Este blog é meu diário de experiências e também um espaço de escuta.
Se você sente algo pulsar aí dentro — me escreva. Compartilhe sua história, suas ideias, suas vivências.
Vamos construir juntas uma nova narrativa:
Mais nossa.
Mais sensível.
Mais verdadeira.
Porque ainda que o mundo insista em nos pedir silêncio,
nós seguimos… com voz, afeto e ação.
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